Tudo indica que 2023 é momento de colocar em prática o que se espera do Metaverso em cada organização. Muito em breve poderemos avaliar a consolidação e a expansão do Metaverso e da proposta da Web 3.0.
A pessoa entra em uma loja de roupas, passeia pelos corredores, para e olha para os manequins, escolhe suas roupas, as experimenta, vai até o caixa e efetua o pagamento de sua compra.
Parece uma situação corriqueira em um estabelecimento na rua, não é mesmo? Mas num futuro próximo todas essas ações podem ocorrer digitalmente graças à expansão e consolidação do Metaverso e da proposta da Web 3.0.
A expressão que ganhou o mundo em 2022 está muito longe de cair em desuso em 2023. Pelo contrário, nem mesmo as recentes ondas de demissões nas principais Big Techs nas últimas semanas tirou o foco dos profissionais e empresas deste conceito.
O CES 2023, realizado na primeira semana do ano, nos Estados Unidos, apenas reforça essa questão, com debates e encontros que colocaram o Metaverso no centro das estratégias.
Passada a euforia inicial, é momento de colocar em prática o que se espera do Metaverso em cada organização.
Não à toa, uma previsão realizada pela consultoria PwC indica que serão as empresas (e não as pessoas) os usuários mais ativos e avançados desta proposta em 2023.
Isso porque os gestores estão empolgados em testar as possibilidades que pode oferecer ao seu modelo de negócio – ou talvez até expandi-lo se for o caso.
A ideia de uma experiência imersiva que combina canais físicos com digitais é realmente tentadora.
Que varejista não gostaria de estreitar relacionamento com um número cada vez maior de pessoas e oferecer situações, produtos e serviços totalmente personalizados?
Isso faz com que o varejo esteja na linha de frente para criar projetos na esteira da Web 3.0, dos tokens e,consequentemente, do Metaverso.
Fabricantes como Nike e Coca-Cola, por exemplo, já criaram seus próprios ambientes para se aproximar do público, principalmente os mais jovens.
Nos próximos meses, vai ser a vez de varejistas, grandes e pequenos, iniciarem suas participações nesse ecossistema que, apesar de tudo, ainda suscita mais dúvidas do que certezas.
Diante disso, fica o questionamento: o varejo está pronto para o Metaverso?
Relacionamento e imersão são a mola propulsora
Preparados ou não, os varejistas sabem que não têm muito tempo a perder.
Quando se fala em tecnologia, é melhor arriscar, errar e corrigir do que ficar à espera de uma boa oportunidade que pode nem aparecer.
Em sua previsão, a PwC recomenda que “a melhor maneira de começar é pôr o Metaverso para funcionar”. Mais direto que isso, impossível.
É necessário dar os primeiros passos para não correr o risco de ficar para trás da concorrência.
Duas características do Metaverso funcionam como o principal combustível para a elaboração de estratégias de atuação do varejo nesse mundo .
O primeiro deles, evidentemente, é a imersão prometida pela criação de ambientes que integram o físico e o digital.
A experiência de comprar no sofá de casa já é uma realidade para muitos consumidores, entretanto nada se compara à possibilidade de experimentar digitalmente um produto ou serviço com seu avatar antes de concluir a compra.
Com a diferença de que, no Metaverso, a pessoa não “estará só olhando”, mas de fato experimentando tudo o que a marca pode oferecer.
Isso leva à segunda característica fundamental que faz os empresários e gestores apostarem suas fichas nesses projetos em 2023: o relacionamento.
É importante ressaltar que o Metaverso não se trata de um único ambiente com várias empresas, como se fosse um shopping center.
Na verdade, são vários “mundos” em que o consumidor precisa migrar de um para o outro. Assim, quando alguém “entrar” no Metaverso de sua marca, é porque ela está interessada genuinamente em se aproximar e conhecer mais.
Desafios tecnológicos e culturais ligam sinal de alerta
Isso significa que basta criar um projeto bacana para começar a atrair um número gigantesco de pessoas para o ambiente da sua empresa? Evidente que não.
O Metaverso ainda é mais conceito do que teoria, restrito a pequenos nichos que exploram uma ou outra oportunidade que aparece.
Essa proposta ainda está muito conectada aos jogos eletrônicos e suas plataformas – a Renner, por exemplo, possui uma loja dentro do videogame Fortnite. Ou seja, é preciso ser um jogador para poder aproveitar esse ambiente.
No Brasil, o conceito do Metaverso esbarra em duas barreiras que ainda hoje, em plena era de transformação digital pós-pandemia de covid-19, atrapalha o desenvolvimento de projetos inovadores.
A primeira delas corresponde à dificuldade de acesso às soluções tecnológicas. Sim, é necessário reconhecer que um número grande de pessoas passou a ter Internet, mas isso ainda é pouco.
Basta ver a expansão da Rede 5G, que chegou com atraso ao país em 2022. A previsão é que apenas em 2029 esse tipo de conexão deverá atender todos os brasileiros – isso, claro, se não houver nenhum atraso.
Mas há também o desafio cultural, de compreender as mudanças que o Metaverso vai trazer nos processos e na própria operação do varejo.
Não fosse a pandemia do novo coronavírus em 2020, muitos lojistas continuariam ignorando os canais digitais como importante ferramenta de atração e conversão.
Assim, como exigir que essas empresas deem um salto desse tamanho quando ainda estão engatinhando no e-commerce e marketplace? O sucesso vai depender justamente do grau de maturidade dos envolvidos na web.
Metaverso é caminho sem volta
Entre oportunidades e riscos, o Metaverso já pode ser compreendido como um caminho sem volta.
Ainda que faltem cases e projetos mais robustos para identificarmos as reais possibilidades, o fato é que esse conceito já deve ocupar posição de destaque entre os varejistas, sejam eles grandes ou pequenos.
Portanto, é necessário se preparar para evitar quaisquer surpresas e problemas futuros.
Nem é preciso ser futurólogo para fazer essa previsão e imaginar os cenários de adoção do varejo em ambientes imersivos entre o físico e digital. Na verdade, é só questão de tempo.
Quando mais pessoas migrarem para os ambientes do Metaverso, as empresas não terão alternativa do que acompanhá-las.
Esteja nos canais em que seu público estiver, um dos mantras de qualquer negócio.
Quando isso acontecer, estaremos prontos para escolher e experimentar roupas com o auxílio da tecnologia no conforto de nossas casas.
Texto escrito por Alessandra Montini (Diretora do LabData da FIA)
Fonte: Redação IBEVAR