A NRF 2023 marcou a retomada do evento mais importante para o varejo mundial. Em sua edição de número 113, depois de um 2021 feito de forma remota e um 2022 que foi amplamente impactado por um pico de COVID-19 que causou um grande esvaziamento na presença física de expositores e visitantes, 2023 trouxe um ambiente absolutamente cheio, em todas as dimensões. 

– Cheio de pessoas ávidas por abraços, sorrisos e conversas e de encontros e reencontros;

– Cheio de ideias, conteúdos, insights e histórias que certamente ajudarão marcas e varejistas a navegar pelos mares turbulentos que se aproximam, e que nos apoiarão ao longo de todo este ano, com um viés super pragmático e direcionado para solução dos desafios que enfrentamos atualmente;

– Cheio de esperança e de vontade de fazer um mundo melhor! Como se diz na terra do Tio Sam: “we are back to the business“!

O Brasil não é para amadores

Como bem se sabe, o Brasil não é para amadores, e o mundo parece estar cada vez mais parecido com o Brasil, em diversos aspectos. Isso ficou muito claro nos vários estudos que foram lançados durante o evento, e também nas falas de vários executivos e executivas, de diferentes subsegmentos do varejo, que apontam desafios para o consumo e suas cadeias de valor, mas caminhos e possibilidades que podem ser usadas como inspiração na busca de soluções.

Por exemplo, o custo de vida aumentou em todo o mundo, criando cenários que são bem conhecidos por marcas e varejistas que atuam no Brasil. Cautela é o que define o comportamento dos consumidores neste ano: 61% estão extremamente preocupados com a sua situação financeira pessoal, principalmente Millennials e Geração X. E 7 em cada 10 esperam que as empresas ofereçam descontos e os ajude nestes tempos turbulentos, como aponta o relatório global de tendências “What Matters to Today’s Consumer” (O que importa para o consumidor de hoje, em tradução livre), lançado pela Capgemini.

Como fazer mais com menos? 

É hora de apoiar o cliente de forma muito pragmática e sem firulas, colocando foco no que realmente interessa nessa relação: preço, atendimento e hiperconveniência. Como fazer mais com menos é a pergunta que precisa ser respondida por todos os envolvidos nessa cadeia de valor.

O varejo continuará vivendo um momento disruptivo, em um cenário internacional com dificuldades geopolíticas e inflação alta que impactam diretamente o consumo. Não é à toa que o Fórum Econômico Mundial, em Davos, prevê recessão neste ano.

Diante disso, o consumidor mudará seus padrões de compra e sua busca por economizar: segundo o mesmo estudo, 65% buscam produtos de marca própria e 73% compram menos por impulso. Além disso, eles visitam menos as lojas físicas e frearam as compras online. Nesse contexto, é fundamental repensar os modelos de negócios para conciliar os KPIs de gestão com as novas expectativas e necessidades dos clientes.

É preciso garantir rapidez e eficiência

Promover a melhor experiência para os clientes seguirá sendo um mantra para marcas e varejistas neste ano. Nesse cenário, vemos que as prioridades da indústria de bens de consumo e do varejo passam por investimentos em tecnologia e automação para otimizar custos de entrega e operação logística. É preciso garantir rapidez e eficiência para o cliente em forma de menores preços e acesso mais rápido.

Modalidades como D2C (Direct to Consumer ou, em tradução livre, Venda direta ao consumidor) vem ganhando espaço, dado que o modelo reduz a quantidade de etapas na cadeia e promove ganhos interessantes para as indústrias e para os consumidores, com muitos aprendizados de lado a lado.

Em 2022, 45% dos consumidores compraram diretamente das marcas. Já os marketplaces seguem tendência de estabilização e tudo indica que começam a perder um pouco de espaço para as vendas em mídias sociais com impulso de seus influenciadores – mais atrativas para as gerações jovens. A mercado global de influenciadores deve crescer 30,3% ao ano até 2028. Estabelecer parcerias com influenciadores que se identifiquem com as necessidades do seu cliente é a grande jogada para gerar conversão.

Dados são essenciais para marcas e varejistas

E como você tem usado os dados dos consumidores a favor do negócio? Este foi outro tema, que não tem nada de novo, mas que foi amplamente retomado porque há um maior interesse dos consumidores, em quase todas as faixas etárias, em compartilhar dados com as marcas a fim de obter benefícios quantificáveis. 43% dos consumidores estão dispostos a compartilhar dados pessoais e 48% dados sobre como consomem ou usam produtos por meio de pesquisas, entrevistas e/ou formulários online.

Dados são essenciais para marcas e varejistas criarem ofertas, campanhas e conteúdos personalizados. Traçar estratégias de marketing baseadas em dados, respeitando as normas legais, gera diferenciação e agilidade para responder às demandas cada vez mais dinâmicas dos clientes e tornam-se mandatórias para todos que desejam obter sucesso.

E aí? Preparado(a) para colocar o consumidor no centro das decisões, apoiado(a) por diferentes tecnologias e abordagens tecnológicas, suportando diferentes modelos de negócios que deverão coexistir, a fim de promover excelentes resultados de negócio?

Depois do “novo normal”, seja bem-vindo(a) ao momento “de volta ao [novo] básico” no varejo nacional!

 

Texto escrito Por Mauricio Andrade de Paula

Mauricio Andrade de Paula  é Diretor de Soluções para Bens de Consumo, Varejo e Distribuição Latam Capgemini Brasil e Diretor Vogal do IBEVAR.

Fonte: Redação IBEVAR