Grandes movimentos de mercado no passado recente sugerem que o varejo brasileiro está sendo pressionado a incorporar mudanças que ensejam reflexão.

Sem a necessidade de mencionarmos nomes, devemos em primeira instância, observar a sequência de acontecimentos envolvendo grandes empresas varejistas. De um lado, certas companhias  reportam dívidas bilionárias e, de outro,  algumas promovem a abertura de novas lojas a uma taxa de crescimento raramente testemunhada no Brasil.

Há, também, situações em que organizações, anteriormente reconhecidas como grandes compradoras de outros negócios, são postas à venda, mais por necessidade que por intenção.

Grandes movimentos

Em meio a esse cenário de grandes movimentos, outros elementos de ordem político-econômica incrementam a sua composição. Dentre eles, a isenção de impostos em importações de até US$ 50,00, as restrições de crédito impostas pela atual taxa de juros e a insegurança sobre o futuro da reforma tributária.

Os efeitos de tal conjunto  de variáveis aparentam estar refletidos nos números aferidos pelo IBGE no que tange aos indicadores de desempenho do varejo.

Nesse contexto, vale lembrar, principalmente quando os números são negativos, que o sucesso ou insucesso de um negócio não depende exclusivamente da capacidade empreendedora e gerencial do empresário. As externalidades nem sempre são previsíveis e/ou contornáveis .

Considerando, adicionalmente, que a gestão desses fatores, atualmente, deve ser realizada  em meio a um cenário pós-pandêmico, é inevitável, mesmo ao varejista mais experiente, considerar que qualquer decisão sobre o futuro do negócio deverá levar em conta uma  ainda mais crítica combinação de variáveis.

Repensar o mix de produtos, a estrutura física e o nicho de mercado pode ser um caminho. No outro extremo, a nacionalização da produção bens, desde que respeitadas as desejáveis condições de competitividade, em geral, carece de respaldo prático de curto prazo o que, para certos negócios, pode se tornar inviável.

Exercício de sobrevivência

Esse contínuo exercício de sobrevivência tem sido colocado em prática por diversas empresas também no exterior, em destinos pujantes como Estados Unidos e Reino Unido. Segundo a Revista Insider, mais de 2400 lojas estão fechando as portas nos EUA.

Para o brasileiro acostumado a turbulências econômicas, a navegação em  águas conturbadas pode parecer o lugar comum. No entanto, qualquer que seja o direcionamento do negócio, ao que tudo indica, na atualidade, o fundamento do controle rigoroso de custos nunca foi tão precioso.

Referências: 

https://www.businessinsider.com/stores-closing-in-2023-list#tuesday-morning-487-stores-3

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/37151-em-abril-vendas-no-varejo-variam-0-1#:~:text=Na%20s%C3%A9rie%20sem%20ajuste%20sazonal,ficou%20em%200%2C9%25.

https://www.thesun.co.uk/money/23115339/amazon-close-stores-days-retail/#:~:text=It%20comes%20after%20Amazon%20announced,Scotland%2C%20all%20proposed%20for%20closure.

Texto escrito Por David Douek

David Douek é Diretor Vogal do IBEVAR, mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA.

Fonte: Redação IBEVAR