A modalidade tipicamente brasileira relativa ao parcelamento sem juros, entrou na mira do Banco Central em uma cruzada para reduzir os juros do cartão de crédito e segue sem resoluções que agrade a todos.
O Banco Central ainda insiste na polêmica o parcelamento sem juros no cartão de crédito, uma ferramenta de atrativo nas vendas praticada por grandes varejistas nacionais.
Esse assunto deixou o varejo em alerta em 2023 e pode ter grande impacto para o consumidor brasileiro.
Como funciona a compra parcelada
Em uma loja que divide em 12 vezes sem juros, um item de R$ 600 pode ser adquirido em parcelas mínimas de R$ 50. A prática afeta também o limite do cartão. Se for de R$ 4 mil, por exemplo, seria reduzido para R$ 3,4 mil após uma compra de R$ 600. O valor total será restabelecido gradativamente, conforme o consumidor for pagando as faturas do cartão.
Porém, os especialistas concordam que o “parcelado sem juros” já se tornou peça fundamental tanto na receita do comércio quanto no orçamento dos consumidores.
O brasileiro pode dizer que essa modalidade faz parte da cultura financeira do país como um todo, e combate-lo pode trazer consequências piores.
O especialista em finanças Marcos Piellusch, professor da FIA – LABFIN.PROVAR e Diretor Voga do IBEVAR comenta a respeito dessa polêmica que envolve todo um planejamento financeiro do varejo e a cultura de consumo dos clientes.
Leia na íntegra:
Como essa mudança sugerida pelo Banco Central pode afetar o varejo brasileiro?
Marcos Piellusch – O parcelamento sem juros é uma opção importante para os consumidores, já que podem adquirir bens a prazo sem usar o rotativo. No entanto, muitos varejistas já incluem os juros no valor das parcelas, então mesmo com o parcelamento que teoricamente seria sem juros, muitas vezes o consumidor paga juros. Para os varejistas, a retirada do parcelamento sem juros deve impactar negativamente as vendas, principalmente de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, móveis, etc) e semiduráveis (roupas, calçados e acessórios).
Há alguma alternativa possível para resolver esse impasse?
Marcos Piellusch – Para lidar com o parcelamento, as empresas devem se programar, já considerando que receberão os valores das vendas em um prazo determinado pelas formas de parcelamento. Assim, se um varejista vende em 4 parcelas no cartão, receberá o total das vendas apenas nesse prazo. Enquanto isso, deverá ter recursos suficientes para pagar os compromissos junto a funcionários, fornecedores e outros.
Segundo o especialista, a solução pode ser:
1) Os sócios colocarem recursos próprios para sustentar essa necessidade.
2) A empresa obter empréstimos junto a bancos ou emitir títulos de dívida
3) A empresa equilibrar os prazos de vendas com os prazos de pagamento aos fornecedores, negociando prazos mais longos de pagamento também
Fonte: Redação IBEVAR