O ChatGPT é o assunto do momento e existe uma grande expectativa de sua aplicação no varejo. Porém, as possibilidades que o ChatGPT oferecem ao mercado são proporcionais às dúvidas e à incertezas que geram frente ao que ainda é desconhecido.
No mês passado, neste blog, era publicado um artigo (acesse) que abordou as previsões para o varejo em 2023 elaboradas pela revista The Enterpreneur e sobre como a NRF Retail´s Big Show poderia trazer soluções para equacionar os desafios apresentados.
Poucos dias depois, uma avalanche de notícias e referências em jornais, revistas e mídias sociais despontaram sobre a influência do ChatGPT, um dos tópicos mencionados no artigo citado.
Inteligência conversacional
Para quem ainda não está familizarizado, o ChatGPT é um modelo de linguagem desenvolvido pela OpenAI. Consiste em um sistema baseado em aprendizado de máquina treinado para gerar respostas semelhantes às de um ser humano frente às questões inseridas em tal recurso.
O objetivo do ChatGPT é permitir o desenvolvimento de aplicativos de inteligência conversacional, como chatbots, de forma a promover conversas em linguagem natural com as pessoas.
Neste momento, ao que tudo indica, as possibilidades que o ChatGPT oferecem ao mercado são proporcionais às dúvidas e à incertezas que geram frente ao que ainda é desconhecido.
Universidades pelo mundo já estão em alerta, preocupadas com o efeito que recorrer ao ChatGPT pode ter sobre o desenvolvimento intelectual dos alunos. No varejo, as contribuições são tratadas com imensa expectativa sobre os benefícios possíveis.
Visão de futuro
Em tal contexto e a título de experimentação, realizou-se o seguinte exercício com o intuito de comparar as previsões da Enterpreneur com as previsões do ChatGPT para o varejo em 2023: “Pediu-se” ao ChatGPT que respondesse à seguinte questão: Qual o futuro do varejo em 2023?
A ferramenta retornou com os seguintes dizeres: “É difícil prever o futuro exato do varejo em 2023, mas algumas tendências sugerem que ele continuará a evoluir em direção ao comércio eletrônico e omnichannel, bem como em direção a um maior enfoque na sustentabilidade e personalização. Também pode haver mais desenvolvimento em áreas como realidade virtual e aumentada para experiências de compras, bem como o uso de inteligência artificial (AI) para gerenciamento de cadeia de suprimentos e atendimento ao cliente.”.
Ao se comparar as previsões do ChatGPT com as da The Enterpreneur, observaram-se algumas semelhanças, mas outras tantas diferenças.
Em comum, a abordagem omini-canal, a hiperpersonalização, o crescimento da inteligência artificial. Desconsiderados pelo ChatGPT foram o aumento das restrições legais para a privacidade dos dados e a mudança para o marketing orgânico. Por outro lado, a The Enterpreneur não mencionou a sustentabilidade.
Inteligência artificial
Se o rápido experimento proposto poderia ser questionado quanto ao critério utilizado, considerando o propósito do exercício, as diferenças identificadas sobre o que acontecerá no futuro permitem, ao menos, esboçar, se não uma conclusão, um alerta.
Não se deveria, ainda, fiar-se por completo ao suporte de ferramentas de inteligência artificial, principalmente se forem utilizadas como fonte para a tomada de decisão.
Ainda que a declaração acima pareça desnecessária frente à inteligência dos que recebem e analisam as informações, a pressão por respostas rápidas coloca em xeque o espírito crítico dos tomadores de decisão.
Estes, ao que tudo indica, ao menos por enquanto, ao recorrerem à AI, não devem abdicar da inteligência natural.
Texto escrito Por David Douek
David Douek é mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA.
Fonte: Redação IBEVAR