Já pensou viver em um mundo onde você entra em uma loja e o vendedor já entende todas as suas emoções? Pois é, com o auxílio da Inteligência Artificial isso é possível em algumas lojas brasileiras.
Confesso que fiquei entusiasmada com a novidade. Mas também me pergunto até onde podemos ir com a IA, ainda mais quando são os nossos sentimentos que estão em jogo e são analisadas por máquinas.
É claro que estamos falando de um avanço na tecnologia e eu sou uma entusiasta no assunto porque pode trazer benefício para algumas áreas, como no comércio. Mas para outros setores, ela precisa ser analisada com tamanha cautela.
Isso porque a IA é uma tecnologia que vem para somar e não para substituir a capacidade e a inteligência humana. Fora isso, preciso lembrar que, sendo uma máquina, ela pode errar se for conduzida totalmente sozinha.
Pesquisa tecnológica e sensorial
No entanto, estamos avançando rapidamente nesse assunto. Um estudo publicado na revista IEEE Transactions on Affective Computing mostrou que sinais fisiológicos foram adicionados à análise de sentimento multimodal pela primeira vez por pesquisadores do Japão.
A equipe analisou 2.468 interações com uma IA de diálogo, obtidas de 26 participantes, para estimar o nível de prazer experimentado pelo usuário durante a conversa. O usuário foi, então, solicitado a avaliar o quão agradável ou entediante eles acharam a conversa.
A equipe usou o conjunto de dados de diálogo multimodal chamado “Hazumi1911”, que combinou exclusivamente reconhecimento de fala, sensores de tom de voz, expressão facial e detecção de postura com potencial elétrico da pele, uma forma de sensoriamento de resposta fisiológica.
Análise das emoções
Em Hong Kong, uma escola já tem usado a IA. O software chamado 4 Little Trees começou a ler as emoções dos alunos enquanto aprendem.
Os desenvolvedores afirmam que o objetivo é ajudar os professores a personalizar e tornar o ensino a distância mais interativo, possibilitando responder às reações dos alunos em tempo real.
O algoritmo 4 Little Trees mede os micromovimentos dos músculos faciais e tenta identificar emoções como alegria, tristeza, raiva, surpresa ou medo.
A empresa garante que gera relatórios sobre o estado emocional de cada aluno, podendo também avaliar sua motivação e atenção. Ele também alerta os alunos para “prestarem atenção novamente quando estiverem distraídos”.
Até a Disney já usou a IA para testar as reações de seus voluntários a uma série de filmes, como Star Wars: O Despertar da Força e Zootopia. Além dela, outras empresas vêm apostando na tecnologia em busca de mais benefícios.
Estamos prontos para esse avanço?
Mas será que estamos prontos para ver a IA que lê nossas emoções no shopping, nas lojas, na padaria, na academia e entre tantos outros lugares?
Talvez ainda tenhamos muito o que desenvolver antes de acostumarmos com tal possibilidade que nos garanta uma ferramenta 100% confiável. Sendo assim, julgar as emoções do outro pela máquina pode ser injusto.
A minha seriedade de agora, enquanto escrevo esse artigo, não quer dizer que eu esteja triste, por exemplo. Mas e a máquina? Ela entenderá isso? Outro ponto é que em diversos lugares do mundo o modo de expressar emoções é diferente.
Minha emoção de hoje é feliz por saber do avanço, principalmente aplicado no varejo, mas há uma preocupação de como será usada por tantos outros setores. Com este misto de incertezas dentro de mim, queria muito que a IA das emoções me falasse qual meu sentimento de fato.
E você, como está se sentindo hoje?
Texto escrito por Alessandra Montini (diretora do LabData da FIA)
O IBEVAR realizou um Webinar com a Alessandra Montini que destacou a Inteligência Artificial no varejo. Assista ao material completo.
Fonte: Redação IBEVAR