A origem do broche não é recente. Ao longo dos tempos, compôs as vestimentas de gregos e romanos, de reis e rainhas e de príncipes e princesas. Foi utilizado como acessório de joalheria, moda, cultura e identidade. Exemplares dessa peça, por séculos, foram produzidos com uma grande diversidade de materiais e apresentações, desde metais e pedras preciosas até superfícies com imagens estampadas.

Agora, o broche ressurge de forma inusitada. Uma empresa norte-americana aproveitou a semana da moda em Paris para lançar o AI Pin, que se traduz como “broche IA” (inteligência artificial).

Segundo a Humane, organização responsável pelo seu desenvolvimento, o objeto oferece ao público um substituto para o telefone celular.

Com a proposta de comercializá-lo a um custo inferior ao de um telefone, aposta na integração da inteligência artificial ao pequeno artefato para facilitar a vida de seus usuários.

Operações omnicanais

Dentre as possibilidades relatadas pela Humane, no que interessa ao varejista, estão a possiblidade de consultas online, sem a necessidade de depender de telas para acessar informações como preço de mercadorias e possibilitar o envio de ordens de compra ao aparelho, pois este pode ser realizado de forma verbal. Em primeira análise, o papel do dispositivo para o varejo seria o de contribuir com as operações omnicanais, uma vez que o varejo físico estaria ainda mais conectado com o virtual.

Considerando que outros tantos recursos desenvolvidos para incorporartecnologia vestível não vingaram como produtos de sucesso e que a inteligência artificial pode ser acessada por outros meios, desperta curiosidade o futuro desse dispositivo perante as forças de mercado que enfrentará. Se, por um lado, oferece facilidades desejáveis por boa parte dos aficionados por tecnologia, por outro, deverá conviver com a forte concorrência que os telefones celulares ainda oferecerão.

Comportamento do consumidor

De qualquer forma, bem-sucedida ou não, a apresentação do AI Pin evidencia uma expectativa até então menos óbvia, a de encontrar uma alternativa aos smartphones, cujas inovações, há muito, não passam de incrementais, além de colocar em teste mais uma tentativa de emplacar os chamados wearable devices.

A depender da história rica e variada do broche, que já refletiu a evolução de tendências de moda e mudanças culturais, há espaço para o AI Pin surpreender o mercado.

Em tal contexto, vale sempre avaliar o impacto de uma eventual mudança no comportamento do consumidor e ponderar sobre a adequação da estrutura vigente.

Fontes:

https://youtu.be/CwSeUV3RaIA?si=I4WDWLA1drDs04Xp

https://fashionunited.fr/actualite/mode/humane-devoile-son-dispositif-ai-pin-lors-du-defile-coperni/2023100333250

Texto escrito Por David Douek

David Douek é Diretor Vogal do IBEVAR, mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA e possui as seguintes credenciais: LEED FELLOW, LEED AP, WELL AP, Fitwell Ambassador e EDGE Expert. 

Fonte: Redação IBEVAR