O mercado varejista ainda tenta compreender as declarações feitas pela Americanas S.A. sobre a “inconsistência contábil” de R$ 20 bilhões e como isso pode impactar o setor de forma geral. 

Saiu em diversos veículos da imprensa que a Americanas S.A. surpreendeu o mercado após revelar que tinha cerca de R$ 20 bilhões em “insconsistências” em seu balanço. Essa notícia trouxe uma condição possível deste valor se tornar ainda maior no vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões.

Ações despencaram na bolsa

Sérgio Rial deu declarações preocupantes ao mercado e deixou o cargo de CEO em 11 de janeiro de 2023, menos de 10 dias depois de assumir a gestão da marca.

Suas declarações geraram um caos no mercado financeiro com as ações da companhia despencando em quase 80% no dia seguinte ao anúncio feito por ele.

O que colocou na pauta dos executivos uma discussão sobre o “risco sacado”, ou “forfait”, uma espécie de antecipação de recebíveis, que foi apontada como uma das potenciais causas do rombo anunciado pela empresa.

Essas operações são feitas em conjunto entre as grandes empresas e seus fornecedores para adiar ou parcelar o pagamento de produtos vendidos em grandes quantidades, como é comum acontecer nas negociações entre fabricantes e companhias gigantes de venda.

Após o faturamento dos produtos, com prazo de vencimento prolongado, o fornecedor recebe o pagamento via instituição financeira e o varejista passa a ter sua dívida com essa instituição e não mais com a indústria fabricante.

Declarações motivadas pelos fatos

O mercado ficou alerta e se mostrou impactado com a notícia da Americanas S,A., motivando outras gigantes do varejo se pronunciarem sobre suas operações.

A Via, por exemplo, que controla as marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra, informou que utiliza em seus lançamentos de risco sacado a rubrica “Fornecedores convênio”, deixando claro que é um montante separado da dívida direta com os fornecedores. A empresa informa ainda, por meio de notas explicativas, que o prazo médio dessas operações é de 90 dias, e que elas são afetadas por juros de cerca de 19% ao ano.

Já o Magazine Luiza declarou na imprensa que opera de forma diferente, a partir de ações com bancos conveniados que terminam lançadas como receita no balanço, uma vez que a empresa recebe comissão da instituição financeira que faz o pagamento – que acaba realizando uma espécie de desconto de recebíveis, operação tradicional dentro do sistema bancário.

Notícia movimentou o setor

Fundada em 1929, a Americanas S.A. conta com um atual valor patrimonial estimado em R$ 14 bilhões, com mais de 1.700 lojas em todas as regiões do Brasil.

A companhia disse que ainda não é possível determinar todo prejuízo do rombo na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.

O que se pode afirmar é que essa notícia movimentou o setor e deixou o varejo em estado de alerta, principalmente após tantos desafios enfrentados nos últimos tempos com a pandemia, mudanças relevantes de comportamento do consumidor e de formatos de operações em tempo recorde.

A verdade é que o varejo ainda passa pela retomada do mercado driblando um cenário econômico mergulhado em inflação e incertezas políticas que ainda rodam a economia brasileira.

Pode-se afirmar que não está sendo nada fácil operar no varejo nos últimos anos.

Fonte: Redação IBEVAR