Os fundos de investimento imobiliário ou FIIs, como o definido pela B3, a bolsa de valores brasileira, são uma comunhão de recursos destinados à aplicação em ativos relacionados ao mercado imobiliário. Dentre as principais vantagens do referido produto financeiro está a possibilidade de investir em ativos imobiliários sem a necessidade de comprar um imóvel.
Por serem tais fundos estruturados sob o regime de condomínio fechado, não é permitido ao investidor resgatar as cotas antes de decorrido o prazo de vigência, podendo, entretanto, negociá-las no mercado secundário.
Há diversos tipos de FIIs e, entre estes, os fundos imobliários de shopping centers. Com a pandemia, os FIIs de tais centros de compras sofreram perdas substanciais.
Valor de mercado
Em 2022, com a intensificação das atividades presenciais, diversas renomadas gestoras de investimento passaram a recomendar a compra de cotas de FIIs de shopping centers.
Dentre outros argumentos, fundamentam a recomendação de compra baseadas em indicadores econômicos dos FIIs, com destaque para a relação entre o valor de mercado e o valor patrimonial dos shopping centers e a retomada do varejo físico no período pós Covid-19.
Consequentemente, embora sempre haja espaço para o ceticismo, a aparente solidez da argumentação desperta a atenção e o interesse de investidores.
Projeções de venda
Outra perspectiva sobre o potencial de valorização dos fundos de investimento imobiliários pode ser dada pelas projeções de venda divulgadas em setembro pelo Instituto Brasileiro de Varejo, o IBEVAR.
Embora tanto para o varejo ampliado quanto para o restrito, os números indiquem crescimento de vendas se comparados com o mesmo período do ano anterior, no acumulado dos últimos 12 meses, os indicadores são ainda bastante discretos.
Há de se ponderar, portanto, que se os resultados dos FIIS de shoppings dependem, em parte, do crescimento das vendas dos lojistas e estas, ao que tudo indica, ainda seguem em patamares mais tímidos, uma efetiva retomada do valor de mercado dos FIIs de shopping center deve acontecer somente no médio ou longo prazo.
Ainda assim, considerando que a janela de oportunidade está no presente, para os que puderem aguardar por prazo indeterminado até a colheita dos resultados, os investimentos em FIIs de shopping são opções a serem consideradas.
Novos empreendimentos
Para os que ainda temem o futuro dos shoppings, vale lembrar que, somente para este ano, a Associação Brasileira de Shopping Centers, a ABRASCE, informa a entrega de 13 novos empreendimentos dessa espécie.
Neste contexto, se as decisões do varejista estiverem alinhadas com a expectativa do mercado financeiro, otimismo para o médio e longo prazo e cautela para o curto aparentam nortear de forma adequada as estratégias a serem adotadas no que tange à ampliação de seu negócio junto ao shopping center.
Texto escrito Por David Douek
David Douek é mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA.
Fonte: Redação IBEVAR