Em dezembro, a Porsche surpreendeu o mundo ao anunciar a descontinuação antecipada de um de seus modelos emblemáticos, a SUV Macan, devido a não conformidade com as rigorosas normas de cibersegurança europeias. Este evento destaca a crescente importância de proteger veículos diante da evolução constante das ameaças cibernéticas.

Mas qual a relação entre o carro e a cibersegurança?

Em 2015, a segurança cibernética no setor automotivo ganhou destaque quando a Fiat Chrysler se viu obrigada a realizar um recall de 1,4 milhões de veículos Jeep Cherokee.

 Sistema de entretenimento conectado

Isso ocorreu após hackers demonstrarem a capacidade de assumir o controle do carro por meio do sistema de entretenimento conectado à internet.

No decorrer desse incidente, esses mesmos hackers conseguiram penetrar em sistemas críticos, incluindo os de freios e direção do veículo. Este episódio evidenciou de maneira alarmante os riscos emergentes da interconexão digital nos carros modernos. De lá para cá, um volume alto de incidentes já foi reportado.

À medida que a tecnologia se entrelaça com nossos veículos, a segurança cibernética torna-se um pilar crítico no setor automotivo.

Proteção contra ameaças virtuais

Carros modernos, repletos de tecnologia embarcada e softwares avançados, enfrentam desafios significativos em relação à proteção contra ameaças virtuais.

  1. Vulnerabilidades Emergentes: Com a conectividade em ascensão, desde sistemas de entretenimento até funções de direção autônoma, surgem novas portas de entrada para ciberataques. É essencial mitigar vulnerabilidades que podem comprometer a integridade dos sistemas.
  2. Riscos à Segurança Veicular: A invasão de softwares pode resultar em consequências diretas para a segurança dos ocupantes e outros usuários da estrada. Desde o controle de freios até a direção automatizada, a cibersegurança é a barreira entre a inovação e os riscos potenciais.
  3. Protegendo Dados Sensíveis: Carros modernos coletam e compartilham vastas quantidades de dados. A cibersegurança não apenas protege contra intrusões no veículo, mas também resguarda informações pessoais dos usuários, evitando potenciais violações de privacidade.
  4. Desafios de Atualização: Manter os softwares dos veículos atualizados é crucial. No entanto, a atualização constante enfrenta obstáculos, uma vez que os fabricantes precisam garantir que as atualizações sejam seguras, evitando interrupções no funcionamento do veículo, inclusive quando o carro for descontinuado.
  5. Colaboração e Padrões: O setor automotivo precisa adotar abordagens colaborativas e estabelecer padrões de segurança cibernética. A cooperação entre fabricantes, reguladores e especialistas em segurança é fundamental para enfrentar os desafios em constante evolução.

Vias de acesso variadas

Assim como nos sistemas de computação, hackers buscam minuciosamente por brechas que possam fornecer acesso aos sistemas veiculares.

As vias de acesso são variadas, levantando uma importante questão: como assegurar que, ao adquirir um carro usado ou após revisões/manutenções, nenhum hacker teve acesso aos sistemas do veículo?

No cotidiano, cuidamos para evitar acessos não autorizados aos nossos dispositivos eletrônicos. Ao investir em carros equipados com conectividade e softwares avançados, não deveríamos estender essa precaução? Afinal, essas tecnologias estão suscetíveis a ataques devido ao seu amplo uso.

Riscos emergentes

No relatório “Riscos Emergentes para 12 Setores da Economia em 2023“, a KPMG destaca a segurança cibernética como o principal risco, de forma abrangente, para todos os setores.

No contexto automotivo, a consultoria enfatiza o crescente número de ataques cibernéticos e as ameaças à segurança, especialmente devido ao aumento do uso de tecnologias.

Essa análise sublinha a urgência de abordar os desafios de cibersegurança, especialmente em uma era de inovações tecnológicas rápidas.

Com os carros tornando-se cada vez mais tecnológicos, conectados e impulsionados por software, a vulnerabilidade a ataques cibernéticos atinge níveis alarmantes.

Não é mais uma opção

Proteger nossos veículos não é mais uma opção, mas uma necessidade crucial para garantir a segurança e integridade de toda a sociedade.

Imagine se o fabricante do seu carro resolve descontinuar o seu modelo. Como ficam as “atualizações” de software e de segurança desse automóvel?

Em resumo, a revolução tecnológica no setor automotivo traz consigo a necessidade urgente de fortalecer as defesas cibernéticas. Somente ao abraçar medidas proativas e colaborativas, poderemos garantir viagens mais seguras, em um futuro cada vez mais digitalizado.

Texto escrito por Lucio Leite

Lucio Leite é Diretor Vogal do IBEVAR. Certificado em Gestão Avançada de Projetos e Programas pela Universidade de Stanford (EUA), possui MBA em Gestão de Negócios & Inteligência Competitiva pela ESPM, e graduação em Redes de Computadores, com especialização internacional nos maiores players de tecnologia do mundo.

Fonte: Redação IBEVAR