Estudo realizado pelo IBEVAR revela que os preços sobem menos nas lojas virtuais do que nas físicas. Os resultados mostram também a maior competitividade que existe no comércio online comparado com as lojas físicas.

A plataforma e-commerce sofria uma rejeição grande no Brasil que foi totalmente revertida na época do isolamento social causado pela pandemia. Diversos estudos apontam que as vendas on-line cresceram de forma exponencial nos últimos 2 anos e a internet ganhou cerca de 13 milhões de novos clientes brasileiros. Isso gerou um novo comportamento dos consumidores e também uma nova dinâmica do varejo. As vendas digitais passaram a ter uma atenção especial com estratégias de descontos e fidelização dos clientes.

Transformação digital 

A transformação chegou ao ponto de realizar estudos que comprovam que os preços dos produtos sobem menos nas lojas virtuais do que nas físicas. O IBEVAR – Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo preparou uma pesquisa detalhada pela plataforma V+, solicitada pelo Estadão, que coletou informações sobre a compra no e-commerces e a inflação do varejo online acumulada nos últimos quatro meses está muito aquém da registrada nos preços dos mesmos produtos vendidos em lojas físicas em igual período. O estudo revelou que de 16 grupos de produtos pesquisados, em 13 os preços dos itens aumentaram mais na loja física tradicional do que no e-commerce. Apenas três produtos tiveram altas acumuladas maiores no online do que na loja física.

O estudo avaliou os preços com uso de algoritmos e comparou as variações de preços registradas no online, sem frete, com os mesmos grupos de produtos pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apurar a inflação oficial, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A pesquisa incluiu bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, itens de informática, que são produtos facilmente comparáveis, e alguns artigos de vestuário, como sapatos e bolsas.

Palavra do especialista 

“Os resultados mostram a maior competitividade que existe no comércio online comparado com as lojas físicas”, afirma o presidente do IBEVAR e responsável pelo estudo, Claudio Felisoni De Angelo. Ele lembra que a dificuldade é muito maior para comparar preços no varejo físico e depende da movimentação de pessoas, algo que pode ser resolvido no online com apenas um clique no computador.

Os dados revelam que a maior diferença entre o comportamento de preços do online e das lojas físicas ocorreu nos móveis de cozinha. Enquanto os preços desses produtos caíram 3,81% nas lojas online entre outubro e janeiro, nas lojas físicas os móveis ficaram 10,98% mais caros. O movimento de deflação online e inflação nas lojas físicas se repetiu, mas em menor proporção, com geladeiras, aparelhos de telefonia, bolsas, móveis de sala e notebooks.

Entre os itens que registraram inflação nos preços tanto nas lojas online quanto nas lojas físicas, ainda assim os aumentos foram significativamente maiores no varejo tradicional. O preço do fogão, por exemplo, subiu 7,8% na loja física, enquanto no online a alta acumulada entre outubro de 2021 e janeiro deste ano foi de 4,3%. No caso do sapato, o aumento na loja física foi de 5,6% nos preços e no online de apenas 0,54%.

Os únicos três produtos que contrariam a tendência da maioria dos itens pesquisados, com a inflação do online superando a da loja física foram: aparelho de som, console de videogame e computador pessoal. No console de videogame a diferença é significativa: aumento de 13,24% dos preços no online contra alta de 4,6% nas lojas físicas.

Cláudio Felisoni pondera que o estoque desse produto pode estar defasado na loja física. O economista acredita que, por causa da maior concorrência, a tendência é de que a inflação do comércio online seja menor do que a da loja física.

Mesmo considerando que as vendas online cresceram muito por causa do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 enquanto o varejo tradicional ficou praticamente estável no mesmo período, a forte concorrência entre e-commerces ancorou os reajustes de preços. Além disso, as margens no online são mais apertadas, o que torna difícil o repasse de aumento de custos.

Pesquisa complementar 

O IBEVAR também realizou uma pesquisa importante que pode complementar essa para entender melhor o cenário nacional. A E-flation é um estudo do IBEVAR que monitora a variação dos preços de produtos de consumo comprados pelo comércio eletrônico. Em novembro, ainda segundo a plataforma V+ do IBEVAR, a inflação do comércio on-line já superava os indicadores oficiais. O levantamento apontou que houve queda de 9% nos preços no on-line – efeito das ofertas de Black Friday -, portanto, ainda manteve uma alta acumulada de quase 9,8% no ano. Essa inflação da internet até novembro superava a prévia do IPCA no período (9,5%). Conheça mais detalhes dessa pesquisa baixando o conteúdo completo no site do IBEVAR.

E para realizar pesquisas personalizadas, como a que o Estadão solicitou, clique no banner.

Estudo publicado originalmente no Estadão

Fonte: Redação IBEVAR