Em recente artigo publicado pela revista Business of Fashion, são evidenciados os desafios que a (varejista) Asket enfrenta ao fornecer The Impact Receipts, os quais, em tradução livre para a língua portuguesa poderiam ser designados como os recibos de impacto.

The Impact Receipts são fornecidos aos consumidores com dados sobre o consumo de energia, água e emissões de gases de efeito estufa (GEE) associados a cada um dos produtos ofertados pela marca com o objetivo de permitir ao consumidor uma decisão de compra mais ambientalmente consciente.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o desafio para a correta definição do conteúdo de tais recibos está na coleta de dados e não em sua análise.

Como muitas varejistas, a empresa acima mencionada não  confecciona os produtos que revende, dependendo dos fornecedores para a acessar os dados de consumo de água, energia e emissões de GEE incorporados a cada uma das mercadorias.

Assim, o engajamento da cadeia de suprimentos foi essencial para a viabilidade do projeto. Após alguns anos estruturando a  ideia e contando com a ajuda de plataformas como a Vaayu, conseguiram, finalmente, fornecer para todas as suas peças, The Impact Receipts.

Fiscalizar as informações

Em países como a Noruega, as autoridades já vêm percebendo a necessidade de fiscalizar as informações relativas aos atributos de sustentabilidade fornecidas pelos vendedores. Nota-se que estão atentas à qualidade dos dados utilizados para sustentar as alegações de responsabilidade ambiental.

Em países menos desenvolvidos, em que muitos varejistas estão enfrentando momentos particularmente desafiadores,  pode soar ambicioso demais criar uma cultura de disponibilidade das  informações de impacto ambiental.

No entanto, ainda que para realizar este feito seja necessário investir em uma estrutura, mesmo que terceirizada, de coleta e tratamento de dados, a vanguarda na consolidação deste objetivo pode-se traduzir em importante vantagem competitiva.

Do ponto de vista prático, a coleta de dados pode ser iniciada com base na  operação do próprio estabelecimento comercial, reunindo informações relativas ao consumo de água e energia por ele praticados. Um segundo passo, é a inclusão das emissões da frota própria de veículos.

Números  dos fornecedores

Por fim, os números  oriundos  dos fornecedores. Esse passo demanda a sensibilização dos parceiros comerciais e, portanto, é prudente considerar um período de conscientização da importância da divulgação os impactos ambientais de seu negócio, também um intervalo para adequação, a fim de que se possa efetivamente incluí-los  no processo.

Assim, como o feito pela Asket, é possível ainda estabelecer alguns produtos como piloto para, somente depois, estender aos demais.

Vale também destacar que o levantamento de dados da própria loja pode servir de basepara a conquista de certificações como a Zero Carbon Certification, emitida pelo International Living Future Institute (ILFI).

De uma forma ou de outra, principalmente para empresas que estão considerando eventual  expansão global, vale, ao menos,  ponderar a inclusão dessas atividades no plano de negócio.

 

Link de referência: https://www.businessoffashion.com/articles/sustainability/fashion-sustainability-data-ai-analytics-greenwashing/

 

Texto escrito Por David Douek

David Douek é Diretor Vogal do IBEVAR, mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA.

Fonte: Redação IBEVAR