A gestão adequada do caixa envolve a atenção a um princípio fundamental: o valor do dinheiro no tempo. Se pudéssemos traduzir este fundamento em simples palavras, seria: cem reais recebidos hoje valem mais do que cem reais a serem recebidos no futuro. Da mesma forma, adiar pagamentos, sem acréscimo monetário, vale mais do que pagar-se hoje. Tais atitudes gerarão mais dinheiro em caixa.
A atividade operacional de qualquer negócio, isto é, produzir, e as transações de compra e venda, visam à obtenção dos maiores fluxos de caixa possíveis ao longo do tempo.
O dinheiro em caixa é, em última instância, o ativo mais importante. Com ele fazem-se os pagamentos necessários à continuidade do negócio.
Sejam as transações do dia a dia, sejam os investimentos necessários para a manutenção do negócio a longo prazo.
Boas negociações com clientes
A antecipação de recebimentos pode vir de boas negociações com clientes, e da escolha de investimentos que proporcionem retornos o mais cedo possível.
A postergação de pagamentos, por sua vez, de negociação adequada com fornecedores, e da preferência por empréstimos e financiamentos, quando se fizerem necessários, a prazos mais longos.
Não apenas os prazos devem ser um ponto de atenção. Outra forma de proteger o caixa é a gestão eficiente dos valores a pagar e a receber.
A maneira de fazê-lo com relação aos desembolsos, é adotar processos mais enxutos quanto a gastos, e a negociação de preços com fornecedores.
Quanto a valores a receber, em contrapartida, o estabelecimento de preços adequados a serem cobrados dos clientes.
Atenção especial deve ser dada às taxas de retorno de investimentos e de juros de financiamentos.
Busca por capital de giro
Faz parte do dia a dia de qualquer empresa a busca por capital de giro. Nem sempre ele está disponível no caixa, e faz-se necessária a busca por linhas de crédito junto aos bancos.
Para que o negócio tenha saúde financeira e o caixa não seja afetado negativamente, é preciso verificar a capacidade de pagamento dos juros cobrados.
Tal constatação é relativamente simples: as taxas de juros de financiamentos para capital de giro não podem exceder a margem operacional. Isto significa dizer que o lucro operacional (receitas menos custos de produção menos gastos operacionais com vendas e administração) gerado deve cobrir os juros a serem pagos.
Necessidade de investimentos
A necessidade de investimentos de longo prazo, como por exemplo, ampliação da produção, novas instalações físicas, aquisição de tecnologia, desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços, tudo isto requer desembolso de dinheiro.
Nem sempre haverá dinheiro suficiente no caixa. Então será preciso lançar mão a empréstimos ou financiamentos junto a bancos.
Será necessário, pois, atentar-se às taxas de juros cobradas pelos bancos, e compará-las às taxas de retorno proporcionadas pelos investimentos financiados por tais linhas de empréstimos.
As taxas de juros deverão ser inferiores às taxas de retorno dos investimentos, do contrário haverá fuga de recursos do caixa, e o investimento feito não criará valor para a empresa.
Boa gestão do caixa
O desafio nesta comparação entre taxas de juros de financiamentos e taxas de retorno de investimentos, reside na correta estimativa desta última.
As taxas de juros cobradas pelos bancos são dadas, estão ali informadas objetivamente. Contudo para projetar as taxas de retorno, exige-se uma tarefa mais acurada, muitas vezes apoiada por um ferramental estatístico.
Para obter-se a taxa de retorno de investimentos é preciso estimarem-se, com certa precisão, os fluxos de caixa futuros gerados pelo projeto de investimento durante sua vida útil.
Como se vê há vários pontos sobre os quais o varejista precisa se atentar, para uma boa gestão do caixa.
Alguns deles exigem uma certa dose de conhecimento e preparo, que podem ser obtidos através da preparação adequada com a aquisição de conhecimento por meio de cursos, e da contratação de profissionais especializados.
Texto escrito por professor Marco Couto (Doutor em Administração de Empresas FEA/USP; Mestre em Administração Contábil e Financeira EAESP/FGV; Bacharel em Economia FEA/USP. Docente desde 2001, atualmente é coordenador e professor da FIA – Fundação Instituto de Administração, em cursos de Pós-Graduação e MBA em Gestão de Negócios, Finanças e diversos cursos in company).
Fonte – Redação IBEVAR