O ritmo de consumo em qualquer sociedade é puxado pela renda disponível da população.  A renda habitual real é a renda descontada dos efeitos de aumento de preços, e assim, reflete seu poder aquisitivo. O cenário atual exige ligar um sinal de alerta para o varejo brasileiro.

A renda habitual é aquela decorrente dos ganhos regulares dos trabalhadores, sem contar os auxílios emergenciais proporcionados pelo governo. Portanto, é a renda sustentável a médio e longo prazos. Em países como o Brasil pela renda disponível da massa de trabalhadores, sejam formais, informais ou por conta própria.

Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) relativos à renda habitual real do trabalhador brasileiro nos últimos trimestres ligam um sinal de alerta para o varejo brasileiro.

Nos últimos três trimestres medidos pelo Ipea, a saber, o primeiro trimestre de 2021, terceiro de 2021 e primeiro trimestre de 2022, a renda habitual real do trabalhador brasileiro vem experimentando quedas significativas, quando comparada com o mesmo trimestre do ano anterior.

Queda da renda habitual real

Em todas as categorias profissionais pesquisadas: setor público, privado com carteira, privado sem carteira e conta-própria, houve queda da renda habitual real em comparação com o trimestre do ano anterior. Houve quedas sucessivas nestes três últimos trimestres pesquisados, da ordem de -3%, -7,5% e -5%, para os trabalhadores privados com carteira. Para os trabalhadores privados sem carteira a redução foi de -3%, -12,5% e -6%. As outras categorias, a saber, conta-própria e setor público também experimentaram quedas reais significativas.

Tomando por base os trabalhadores do setor privado, verifica-se uma queda acumulada da renda habitual real, computando-se em conjunto a variação dos três trimestres citados em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, de -15% para os trabalhadores com carteira e de -20% para os trabalhadores sem carteira.

Os principais fatores que causaram essa perda de renda real são: inflação acelerada e queda da atividade econômica pressionando salários para baixo.

Essa queda no poder de compra da população brasileira tem um efeito extremamente danoso nas vendas do varejo de um modo geral.

Na medida em que o poder aquisitivo da população encolhe, as famílias darão prioridade aos itens básicos e de sobrevivência, como alimentação e moradia.

Assim, nesta conjuntura, a perspectiva para todos os outros segmentos do varejo em futuro próximo não é animadora quanto ao volume de vendas.

Épocas de crise

Em épocas de crise como a que estamos vivendo, não só no Brasil, mas também pelo mundo afora, se faz necessário atentar-se a questões tipicamente financeiras.

A sobrevivência de qualquer negócio depende de seu sucesso no curto prazo. Não adianta ter um patrimônio incomensurável, quando falta dinheiro para quitar os compromissos a cada mês.

O que traz o dinheiro em caixa necessário para a sobrevivência em épocas de crise é o lucro que se apura mensalmente. A questão é que o lucro é uma equação muito simples: vendas menos gastos = lucro.

Vendas dependem de preço e volume; e gastos são afetados pelos preços dos insumos necessários à reposição e manutenção dos estoques.

Na atual conjuntura todos estes fatores contribuem para uma redução drástica no lucro. Seja pela restrição do preço e volume de vendas, dada à queda de renda disponível do consumidor. Seja pelo aumento dos custos causado pela inflação nos preços dos insumos.

Desta forma, o varejista brasileiro precisa ter hoje uma gestão financeira muito cuidadosa. Faz-se necessário evitar desperdícios. Manter em sua estrutura o que realmente agrega valor e contribui com as vendas e eliminar gastos que não contribuem diretamente com o lucro do negócio.

Controle da gestão do negócio

O momento é de renegociar dívidas. Alongar prazos e reduzir taxas de financiamentos. Renegociar preços e prazos com fornecedores, fazer acordos de dívidas de tributos, manter uma força de trabalho enxuta e remunerada com salários justos. Estes todos são fatores que estão no controle da gestão do negócio e que no final do processo podem fazer toda a diferença entre sucesso e fracasso.

Só agindo desta forma o varejista poderá aliviar a pressão sobre o caixa da empresa proveniente da queda de vendas e obrigação de quitar os compromissos fixos que vencem todos os meses, como salários, tributos, fornecedores e despesas gerais para o funcionamento do negócio.

Como diz o velho ditado: “dinheiro não leva desaforo”. O sinal de alerta está ligado: é preciso cuidar dos ingressos do dinheiro no caixa.

Texto escrito por Prof. Marco Antonio Ferreira Couto (Coordenador de Cursos LABFIN/PROVAR em Gestão de Negócios e Finanças)

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Fonte: Redação IBEVAR