Após a estreia do Grupo Mateus na B3 e o pedido de abertura de capital do Big, ex-walmart, o setor de supermercados contará com quatro empresas na bolsa brasileira, ampliando seu peso na bolsa de valores.

Além das duas estreantes, a B3 tem mais duas tradicionais companhias listadas, GPA (PCAR3) e Carrefour (CRFB3).

Em valor de mercado, em 23 de outubro, o Carrefour valia R$ 40,001 bilhões, colocando como a 22ª maior empresa da bolsa.

Já o GPA, que controla o Pão de Açúcar, ocupa a 47ª colocação, entre as maiores empresas da B3 (B3SA3), com valor de R$ 17,812 bilhões.

Há um mês, o GPA anunciou o início de estudo para segregação de sua subsidiária integral Assaí.

Assim, outra companhia de varejo de alimentos poderá engrossar a lista de companhias na bolsa.

Provando o sucesso da estratégia, o recém-chegado à bolsa Grupo Mateus está logo atrás do GPA, em 48º em valor de mercado, com R$ 17,623 bilhões.

Cabe destacar que Cencosud tem ações listadas na bolsa de Santiago.

Mais empresas na bolsa

Para especialistas em investimentos e do setor varejista, a entrada de duas novas empresas na bolsa pode ser só o início de um movimento que vai levar outros grupos regionais para o mercado de capitais.

O consultor de varejo e bens de consumo, Eugenio Foganholo, acredita que, neste cenário de juros baixos, e com o exemplo de empresas como o Grupo Mateus, outras redes devem tentar o mesmo caminho. “Evidentemente que isso dependerá muito do desempenho dessas novas empresas”, diz.

O analista de ações da Butiá Investimentos, Thiago Tavares lembra  que Carrefour e GPA  são grandes companhias que já entregavam bons números e que, durante a pandemia, registraram aumento de vendas.

Como os supermercados atravessam a crise?

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo, o setor vem apresentando uma tendência completamente diferente da maior parte das empresas de varejo. Isso porque boa parte delas tem sua sustentação nas operações das lojas físicas.

“O setor supermercadista e cadeia alimentar de forma geral tem sido um dos bens de consumo e um dos formatos varejistas mais beneficiados pela situação derivada da pandemia”, diz. “Enquanto isso, alguns setores de atividade varejista patinam ou andam num patamar de faturamento aquém do ano passado, como é o caso de calçados, de confecção.”

Thiago Tavares reforça que o segmento de supermercados está indo muito bem e é um dos que mais registra crescimento, atrás do setor de materiais de construção. As redes vêm ampliando as vendas on-line e têm se beneficiado também da dificuldade de players menores, para ganhar market share.

Perspectivas para o setor supermercadista

Para Felisonio setor de supermercados deve registrar crescimento das vendas neste ano. Por outro lado, o varejo ampliado, que inclui automóveis, terá queda.

Conforme Eugenio Foganholo, a tendência positiva deve ser mantida até o início do ano que vem. Ele diz que não dá para projetar muito além o desempenho dos supermercados por conta das incertezas. “A gente não sabe exatamente o que pode acontecer, principalmente, sem a ajuda do auxílio emergencial”, afirmou.  “Mas com certeza até o início do ano que vem o setor ainda vai está rodando no patamar bem interessante e bem atrativo”, disse Fanholo.

Setor de quase R$ 380 bilhões

O setor supermercadista faturou R$ 378,3 bilhões em 2019, um crescimento de 6,4% na comparação com 2018. A informação é da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Nielsen.

Em valores deflacionados o crescimento no último ano foi de 2,5%.

O faturamento registrado em 2019 pelo setor representa 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo a Abras, o setor encerrou o ano passado com 89,8 mil lojas e 1,8 milhão de funcionários.

“O ano de 2019 foi um muito significativo para os supermercadistas, principalmente, pela melhoria no ambiente de negócios. Tivemos importantes mudanças estruturais voltadas à simplificação e desburocratização. Isso se refletiu no mercado de consumo e, consequentemente, no desempenho do varejo alimentar”, disse o presidente da Abras, João Sanzovo.

Confira abaixo o ranking das 20 maiores empresas supermercadistas do Brasil:

O Grupo Big, ex-Walmart, não forneceu os dados para o levantamento da Abras neste ano. A empresa era ranqueada na terceira posição entre as maiores do Brasil.

Grupo Mateus (GMAT3)
As ações do Grupo Mateus estrearam na B3 no dia 13 de outubro e até agora acumulam queda de 8,03%. A empresa captou R$ 4,6 bilhões, no maior IPO do ano até o momento.

O Grupo Mateus é um conglomerado de empresas que opera no varejo de supermercados, atacarejo, móveis e eletrodomésticos, indústria de panificação, distribuição de medicamentos e construção. As lojas estão no Maranhão Pará e Piauí, mas o grupo atende por entregas também no Tocantins, Bahia e Ceará.

O grupo é controlado por membros de uma mesma família  desde 1986. São quatro acionistas: o próprio Ilson Mateus Rodrigues, Maria Barros Pinheiro (esposa de Ilson), Ilson Mateus Rodrigues Junior (filho) e Denilson Pinheiro Rodrigues.

No primeiro semestre deste ano, a companhia registrou receita líquida de R$ 5,1 bilhões. Ou seja, uma alta de 27% na comparação com o mesmo período de 2019.

Já o lucro líquido teve crescimento de 78% no semestre, totalizando R$ 297 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou R$ 607,5 milhões em 2019.

Carrefour (CRFB3)
Com as marcas Atacadão e Carrefour, o grupo francês está presente em mais de 150 cidades do País.

No acumulado do ano até 22 de outubro, os papéis do Carrefour registram perdas de 12,42%. Em outubro, a queda é menor cerca de 0,20%.

O lucro líquido atingiu R$ 713 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado supera em 74,9% o registrado em igual período de 2019.

Em alimentos, as vendas brutas totais (GMV, em inglês) cresceram 377%, Enquanto as vendas não alimentares subiram 65% ,trazendo a rentabilidade próxima ao breakeven.O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) somou R$ 1,4 bilhão, uma elevação de 27,5%.

A receita líquida totalizou R$ 15,9 bilhões, um incremento de 14,7% na comparação anual.

GPA (PCAR3)
O GPA é o maior grupo de varejo alimentar da América do Sul.

A companhia é controlada pelo grupo francês Casino e está presente em todas as regiões do Brasil, com mais de mil lojas.

Além disso, possui operações na Colômbia com o Grupo Éxito, no Uruguai com os Grupos Disco e Devoto, e na Argentina com o Libertad.

No mês de outubro, a ação do GPA recua mais de 4%. Em 2020, o recuo é ainda maior, o papel acumula perdas de 24,79%.

No segundo trimestre, o lucro líquido da companhia totalizou R$ 333 milhões. O resultado é 20,3% inferior ao registrado em igual período de 2019.

O Ebtida ajustado somou R$ 1,5 bilhões entre abril e junho, um salto de 83,2%.

A receita líquida somou R$ 20,7 bilhões no período, um aumento de 58,7%.

Grupo Big, ex- Walmart
O Grupo Big Brasil protocolou seu pedido de IPO no dia 19 de outubro. A empresa opera a rede de varejo alimentício anteriormente controlada pelo Walmart.

A companhia é líder em varejo alimentar no Nordeste e no Sul do Brasil e o terceiro maior do país, em termos de receita bruta, segundo a Abras.

O segmento de atacado é composto pelos formatos atacarejo (Maxxi Atacado) e clube de compras (Sam’s Club). No varejo, o grupo atua em diversos formatos:

Hipermercados (BIG e BIG Bompreço)
Supermercados (Superbompreço, Nacional e Mercadorama)
Soft discount (TodoDia)
Postos de combustíveis
Além disso, o Grupo Big presta serviços financeiros para seus clientes.

O grupo surgiu da aquisição de 80% das operações do Walmart US no Brasil, concluída em agosto de 2018.

A participação foi adquirida pelo fundo de private equity Advent International.

O lucro líquido do Big atingiu R$ 3 bilhões nos nove meses findos em setembro de 2020, ante prejuízo de R$ 80 milhões de 2019.

A receita líquida totalizou R$ 15,7 bilhões no acumulado até setembro, ante R$ 14,9 bilhões de 2019.

O Ebtida ajustado foi de R$ 607 milhões nos primeiros nove meses de 2020, contra R$ 150 milhões de 2019.

Fonte: Eu Quero Investir