Mobilidade e o desenvolvimento de aplicativos (apps) representam disrupções similares como o surgimento do e-commerce no início dos anos 2000. No primeiro semestre de 2014, segundo a Media Metrix- comScore Inc, as vendas nas lojas de varejo tiveram crescimento de 3%. Em igual período, o comércio eletrônico obteve incremento de 10%, sendo que, as compras utilizando aparelhos mobile evoluíram 47%.
A transformação digital mudou o comportamento dos consumidores e como resultado o retail precisa repensar quase tudo que conhecem sobre o consumidor incluindo a segmentação tradicional, as alterações nos parâmetros geográficos tradicionais, a idade e renda dos compradores para melhor entender o comportamento no shopping digital.
Pesquisas da Cisco Consulting (2015) sugerem que os clientes demandam novos tipos de experiência digital in e out store. Processos de negócio precisam de agilidade e transformar as experiências de compra em hyper-relevant e hyper-personlized. Dados complementares mencionam que 39% gostariam de maior eficiência operacional, estoques sem ruptura, tempo de checkout ou entrega mais rápida. A importância da experiência de compras mais personalizada foi citada por 13% dos entrevistados. Esta consultoria destaca que a agilidade nos processos de negócio pode incrementar os lucros em até 15.6 pontos percentuais.
Na última década as tecnologias interativas também se tornaram forças disruptivas, inclusive a partir da própria internet, que alterou profundamente o marketplace do varejo. Empresas e marcas se tornaram globais pela rapidez das conexões, volume de informações disponíveis, armazenamento do big data em cloud, processamento, segurança das transações e uso adequado das redes sociais. Ferramentas analíticas e apps proprietários permitiram melhores retornos sobre o investimento, entretanto, pela velocidade das mudanças este aspecto não deve ser considerado como força de vantagem competitiva sustentável.
Brand building passa por mudanças disruptivas na era do Facebook e YouTube. No centro das suas estratégias digitais, as companhias apostam no que denominam branded content. Segundo Douglas Holt em artigo publicado na Harvard Business Review (2016), foram investidos bilhões de dólares na visão de que a mídia social poderia ajudar a consolidar relacionamento, boas estórias, a conexão em tempo real poderia criar hubs e uma comunidade de consumidores. Muito poucas marcas conseguiram gerar este interesse porque branding é um conjunto de técnicas que geram relevância cultural. As tecnologias digitais não apenas criaram novas e fortes redes sociais como alteraram radicalmente a cultura.
Canais por assinatura e as redes sociais tornam próximas comunidades geograficamente isoladas. Nesse grupo se incluem as novas fontes de crowdcultures que são como incubadoras de novas ideologias, práticas, arte, música e propiciam um novo terreno para o entretenimento influenciando também a moda, o mobiliário, o urbanismo. Recentemente a Coca-Cola Company atenta a esta tendência, decidiu transformar seu website corporativo que era estático em um magazine digital: Coca-Cola Journey que apresenta tópicos de diferentes culturas e aborda desde esportes, alimentação até sustentabilidade e viagens, uma mudança significativa da sua estratégia de conteúdo para a marca.
Outra grande diferença é o mindshare entre as gerações. Comparando os baby boomers nascidos nos aos 50 até a geração X dos anos 70 até início de 90, existiam alguns aspectos de divergentes quanto a necessidades e prioridades. A geração seguinte, os Y ou Millenials, são oitenta milhões de pessoas que representam um quarto de toda a população dos USA e tem um poder de compra de 200 bilhões de dólares anuais. Eles têm enorme influência sobre as gerações que os antecederam e, em comum, consistentes peculiaridades quanto a como capturar sua atenção, retenção de fidelização. Muito bem educados, buscam carreiras consistentes, analisam a qualidade dos produtos e gostam que suas opiniões sejam ouvidas, assim sendo, segunda a Forbes (2015) influenciam a propaganda, consultam sites com ratings dos consumidores, analisam opiniões dos blogs e acima de tudo valorizam a opinião das pessoas nas quais confiam.
Esta abordagem estaria incompleta se não fosse mencionada a Internet of Things – IoT ou a Internet of Everything – IoE, que é a conexão das redes pelo link entre pessoas, processos, dados, e coisas – IoT. Para Cisco, estas conexões em 2014 foram 13 bilhões, serão 50 bilhões até o final desta década e irão gerar uma profunda transição nos mercados.
O fato é tantas forças disruptivas já estão alterando a dinâmica competitiva praticamente em todas as indústrias, em especial no varejo, no qual o ecommerce é cada vez mais influenciado pelo design, os softwares e o desenvolvimento da tecnologia, porque os consumidores consideram relevante os produtos que usam ou pensam em comprar os atendam nos shops, online, mobile, off-line (XRC Labs, 2016).
Como consequência da velocidade das mudanças e para contemplar estas diferentes tendências, vários modelos de negócio surgiram. Pequenas empresas denominadas startups, outras, assumiram o papel de aglutinadoras e aceleradoras de inovação para o varejo e consumer goods.
Fonte: Provar | Profa. Me. Maria Celeste Guimarães