A pandemia de COVID-19 tem impactado significativamente o mundo todo nos últimos meses. No varejo, sobretudo em negócios baseados em modelos mais tradicionais, efeitos como flutuações de preço, queda no faturamento e períodos de suspensão e/ou restrição das atividades presenciais têm obrigado empresários e colaboradores a se reinventar e rever seu modus operandi diante da nova realidade do mercado e das transformações nos hábitos de compra dos clientes.
Em entrevista ao podcast Papo Mais+ da Central de Informações São Paulo, o CEO do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo) e presidente do Conselho do PROVAR – FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração), Prof. Dr. Claudio Felisoni de Angelo, comentou sobre o cenário atual do varejo e as principais perspectivas para o setor em 2021.
Abaixo, você confere algumas reflexões do professor durante o bate-papo.
Incerteza para o varejo em 2021
Em finanças, existe uma diferença muito grande entre risco e incerteza. No caso do risco, por exemplo, quando você joga uma moeda, pode dar cara ou coroa, e é possível associar probabilidade de ocorrência. Numa situação de incerteza, você não conhece os estados futuros — ou seja, é difícil saber se vai dar cara ou coroa — e, mesmo que você conheça, não consegue atribuir uma probabilidade de ocorrência.
Nós vivemos, lamentavelmente, uma situação de grande incerteza. Esta crise é muito diferente de outras que abalaram recentemente o mundo, seja a de 2008/2009, seja a de 1929. Tanto uma quanto a outra foram crises geradas no contexto econômico e resolvidas no âmbito da própria economia.
Já a pandemia de COVID-19 é uma crise sanitária com reflexos devastadores sobre a economia, como foi em 1918 com a gripe espanhola, que desorganiza a sociedade e cria uma profunda incerteza, porque está associada a questões que estão totalmente fora do controle dos agentes econômicos.
Nós estamos vendo 2021 ainda com dificuldades para o varejo, seja por conta dos reflexos e decorrências da pandemia, seja por conta da desorganização da própria economia.
A economia é um organismo vivo, que precisa de um tempo de recuperação. As coisas não vão voltar à normalidade imediatamente, e o início do retorno depende, fundamentalmente, da questão da vacina.
A força do propósito no varejo
A pandemia nos obrigou a usar máscaras para nos calarmos, mas estimulou a nossa capacidade de ver, de tentar enxergar.
A filosofia ensina que não existe um ser coletivo, e sim indivíduos, com quem, por exemplo, podemos tomar um café depois que essa pandemia passar; mas com o CNPJ não, pois ele é sempre virtual.
O que essa pandemia tem feito é mostrar que uma empresa é o conjunto desses indivíduos. Ela é feita de pessoas para pessoas. E se as pessoas que fazem parte da empresa não se preocupam com os consumidores, essa empresa não tem propósito, afinal, uma empresa só existe porque existe mercado.
Porém, muitas vezes nos esquecemos justamente de que a mola propulsora de uma organização são os indivíduos movidos por outros indivíduos. E essa pandemia está nos obrigando a nos calarmos e olharmos mais. Esse olhar está sendo cada vez mais dirigido para isso e para nós mesmos.
Não é uma novidade, mas é, sem dúvidas, um momento importante de reflexão que tem feito com que as pessoas mostrem a sua face e, portanto, sua identidade nas organizações. Esse aspecto tem trazido diferenciação para os negócios e, certamente, vai ser fortalecido ao fim da pandemia.
Aumento da competitividade
Todos os elos da cadeia têm que se preparar para um mundo muito mais competitivo.
Não existe, por exemplo, um setor mais concentrado do que o setor financeiro. Mas, de repente, surge o PIX. E por que isso acontece?
Porque a dinâmica do mercado está empurrando, cada vez mais, para o aumento da competição. As pessoas estão cada vez mais bem informadas, e as comparações são cada vez mais rápidas.
Todos os bancos estão fazendo uma baita campanha a favor do PIX, porque, de outro modo, perderiam outros negócios que eles têm com os clientes.
Ou seja, devido ao acirramento da competitividade no mercado, teremos que ser cada vez mais eficientes, seja na indústria, seja no varejo.
Aprimoramento da gestão da informação
O principal ativo de uma empresa de varejo é a gestão da informação, a relação que ela consegue construir entre quem está vendendo e quem está comprando. É isso que o varejo precisa saber fazer.
E hoje existe uma ampla gama de recursos matemáticos e estatísticos que podem ser colocados a serviço do varejo para facilitar esse gerenciamento das duas pontas.
O importante para superar as dificuldades do momento, então, está no gerenciamento das informações, particularmente através das ferramentas mais modernas, como as de Inteligência Artificial.
Clique aqui para ouvir na íntegra o podcast Papo Mais+ com a participação do Prof. Dr. Claudio Felisoni de Angelo e saber mais sobre as principais tendências do varejo para 2021.
Fonte: IBEVAR