“A globalização é uma palavra que indica, não que interpreta ou sintetiza. Indica o problema, não a chave da sua interpretação. Sinaliza uma realidade empírica (…) uma nova etapa e um novo quadro do processo de desenvolvimento das interdependências planetárias, de (ao mesmo tempo) integração e polarização do sistema mundial, de impressionante aceleração da mobilidade e dos fluxos de pessoas, bens, capitais e símbolos (…)”

O mundo dos negócios atual está cada vez mais parecido com o “Efeito Borboleta”, parte da Teoria do Caos, do matemático Edward Lorenz.

“O simples bater de asas de uma borboleta pode desencadear um tufão do outro lado do mundo”. Fatores insignificantes, distantes, podem eventualmente produzir resultados catastróficos imprevisíveis e tomar proporções gigantescas. Não raro, uma decisão ou um evento num país do outro lado do mundo pode afetar fortemente a realidade de muitos outros países ao redor do globo.

E foi assim que as mudanças no mercado global, tais como a transição da economia chinesa (que passa a enfocar mais seu mercado interno e a crescer a taxas menores), o “voto pelo Brexit”, as tensões geopolíticas, as revoltas armadas domésticas, o aumento da migração e do terrorismo, a agitação política, fatores climáticos – como a seca no leste e sul da África, e doenças como o Zika, fez de 2016 um ano de grandes transformações sem precedentes, que impactaram muitas nações. As interconexões de riscos globais mostraram como todos os riscos estão conectados uns aos outros e definiu a complexidade de se lidar com o risco global de uma forma eficaz.

Ainda em paralelo, vimos também mudanças radicais nos padrões de consumo, na interdependência financeira e comercial, na privatização de recursos naturais, no vasto acesso à informações digitais e no avanço contínuo das telecomunicações. A aceleração do conhecimento do consumidor avançou no último século. Em 1900, levava 100 anos para que o ser humano dobrasse seu conhecimento; em 1945, o mesmo resultado era obtido em 25 anos; em 2014, eram necessários 13 meses e em 2020, a previsão é de que levará 12 horas.

Todas em mudanças, juntas, acabaram por refletir alterações nos hábitos de consumo da população, que passou a ditar as regras do que permanece ou não no mercado, dos produtos que serão perenes ou passageiros, das empresas que continuarão e as que desaparecerão do globo.

O ano de 2017 certamente será desafiador para o varejo. Pode-se dizer que vem aí um ambiente de grande complexidade e infinitas variantes, muitas fora de controle dos gestores varejistas. Esses, terão que se reinventar para criar possibilidades de novas ofertas de produtos e serviços, em boa parte de forma inovadora, ágil e disruptiva.

Fonte:Provar | Flávia Angeli Ghisi Nielsen