A negociação parece promissora, mas deve passar por algumas restrições impostas pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica e é importante entender os motivos de alguns vetos.

No dia 25 de maio o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovou a aquisição do grupo Big Brasil pelo Atacadão, afiliada brasileira do grupo Carrefour.

A decisão que autorizou a fusão estabeleceu, como muitas vezes ocorre, algumas restrições.

Restrições do negócio

Vamos entender melhor a decisão do CADE. O CADE tem por propósito preservar o ambiente competitivo dos mercados. É sabido que quanto maior a concorrência melhor são as condições de compra por parte dos consumidores.

Então, em princípio, a maior concentração implica em menor concorrência.

Sendo assim, como dito acima isso é verdadeiro apenas em princípio, pois a competitividade em um particular mercado não depende apenas do número de empresas.

A competitividade depende também de dois outros elementos: a natureza dos produtos e da facilidade que o consumidor pode ter em comparar preços e condições de pagamento.

Precificação em destaque

Portanto, se os produtos vendidos são relativamente homogêneos, ou seja, pouco diferenciáveis, o atributo preço passa a ter a predominância quase total na decisão de escolha do comprador.

Qual a diferença entre uma latinha de Coca Cola 220 ml vendida nos diferentes supermercados?

Mas, para que o poder esteja de fato com o consumidor é preciso adicionalmente que ele consiga comparar o preço dos itens para uma cesta relevante de produtos.

Essa comparação deve levar em conta não apenas o preço da cesta de produtos como também outras despesas decorrentes, como, por exemplo o transporte, entre outras.

Então se em uma dada área geográfica há apenas dois competidores vendendo produtos não diferenciáveis e se os compradores têm grande facilidade para comparar os preços, o poder destes últimos será o mesmo que aquele desfrutado pelos mesmos consumidores caso no referido espaço houvesse muitos ofertantes.

Redução significativa da concorrência

Os itens vendidos em um supermercado são os mesmos. Além disso é cada vez mais fácil comparar preços. Por essa razão é que se justifica a compra do Big pelo Atacadão.

Porém, em alguns lugares, em razão de condições particulares, a existência de um só concorrente pode implicar uma redução significativa da concorrência. Nessas áreas o CADE determinou o desinvestimento de algumas unidades atualmente detidas pelo grupo Big.

Texto escrito por: Claudio Felisoni de Angelo

Claudio Felisoni de Angelo é Presidente do IBEVAR, Presidente do Conselho do PROVAR. Professor Titular da FEA-USP. Idealizador do MBA Varejo da FIA.