O conflito na Ucrânia vem elevando os preços das principais commodities agrícolas utilizadas na indústria de alimentos, como trigo e milho, e pode levar a aumentos dos preços pagos pelo consumidor.
Levantamento mensal da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) aponta para um cenário de aumento relevante nos preços das principais commodities agrícolas utilizadas na indústria de alimentos, como trigo e milho.
A entidade lembra que os dois cereais estão entre os principais itens exportados por Rússia e Ucrânia. “O cenário aponta para um aumento dos custos da indústria de alimentos e, consequentemente, dos preços ao consumidor”, diz Dornellas, o presidente da Abia.
O executivo pondera que é preciso seguir acompanhando os desdobramentos do conflito para avaliar a intensidade da pressão nos custos de produção. “Mantida a alta dos preços das commodities (agrícolas e energia), reduz-se a expectativa de crescimento do consumo no mercado interno”, alerta. Conforme o levantamento, os preços do trigo devem continuar subindo. Desde fevereiro, pontua a entidade, os preços internacionais continuaram reagindo de forma expressiva.
Retração de compradores
A entidade não trabalha no momento com a possibilidade de desabastecimento de trigo, tendo em vista que 87,5% do cereal importado pelo Brasil vem da Argentina.
Quanto ao milho, após o recuo dos preços na primeira quinzena de fevereiro, decorrente de uma retração de compradores que passaram a utilizar seus estoques, a entidade vê tendência de alta devido ao avanço do conflito no Leste Europeu e ao fato de os países envolvidos serem grandes exportadores da commodity. “Os preços internacionais (do milho) estão subindo rapidamente, motivados principalmente pela expectativa de queda na oferta mundial”, pontua a associação em nota.
Matéria-prima em alta
A entidade também apontou que as cotações da soja, outra matéria-prima usada pela indústria de alimentos, devem seguir em alta, sustentadas pela demanda interna e externa e pela redução da oferta na safra atual.
“No mercado internacional, o cenário é de preços firmes no curto prazo. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo e o estrangulamento de oferta resultou em aumento do preço futuro do óleo de soja, principal matéria-prima para a produção de biodiesel”, explicou o dirigente.
O café robusta permanece com preço elevado, conforme a associação, em razão da safra menor decorrente de questões climáticas, mas a tendência é de baixa nos preços.
Baixa no preço da commodity
Entre janeiro e fevereiro, os valores recuaram 1% no mercado interno. No último ano, aumentaram 90%. “Apesar de o preço do café estar em patamares muito altos, a guerra na Ucrânia tem gerado uma tendência de baixa no preço da commodity, em virtude de a Rússia ser o sexto maior importador e dos possíveis impactos econômicos no consumo”, explica Dornellas – presidente da Abia.
Nos supermercados alemães, massas, farinhas e outros bens essenciais agora são vendidos apenas um pacote por pessoa. Vejam o aviso colocados nas gondolas: “Caros visitantes! Também estamos lutando contra a escassez de suprimentos. No momento, estamos tentando retornar ao nosso método de envio usual em todas as faixas. Até lá, pedimos que você entenda que só podemos emitir um item crítico por cliente”.
Texto escrito por Marcelo Felippe Figueira Júnior (pesquisador associado do IBEVAR)