Nova York oscila ao redor de zero grau, que por incrível que pareça é uma temperatura agradável, desde que você proteja as pontas das orelhas daquele vento que corta. Entre um pouco de chuva e outro de neve, em algum momento emergiu aquele céu azul – seguido de um pôr do sol magnífico. A abertura da NRF ocorreu no salão principal, onde milhares de pessoas prestigiaram o presidente da NRF (National Retail Federation) e representantes do Walmart, Macy’s e Ashley Stewart que debateram como os varejistas americanos atraem e retém talentos. O Javitz Center deve receber por volta de 35 mil pessoas durante os três dias de feira.

E dentre tanta gente, muitos brasileiros… o português é língua ouvida por todos os cantos.
“Grandes pessoas fazem um grande negócio, grandes negócios fazem uma grande indústria”, enfatizou o fundador e presidente Container Store e da National Retail Federation (NRF) americana, Kip Tindell. A maior feira de varejo dos Estados Unidos valorizou o tema “pessoas”, presente em várias palestras e, em particular, na que abre o evento. Também, nos EUA, é um desafio atrair mão de obra qualificada no varejo e, para isso, cultura da empresa, ambiente de trabalho, tecnologia aplicada (especialmente para os mais jovens) são muito importantes. “Um bom profissional produz o triplo do outro”- bem possível!

Outro tema muito presente, naturalmente, foi a experiência do consumidor. Inovaram na forma de proporcionar a ‘tal experiência ao consumidor’, mais que isso, como incorporar essa vertical na cultura da empresa – que não é tarefa fácil. Sensacional foi a The Vitamin Shoppe, que mostrou como mudar o layout da loja é fundamental para a função do vendedor (intitulado de entusiasta da saúde) – cujo objetivo é atender especialistas e clientes “perdidos” na busca de uma vida mais saudável, mais equilibrada, menos estressante. “As pessoas não querem fazer dieta e contar calorias, elas buscam uma vida melhor”. O tema fechou sobre customização em massa da Shoes of Prey e Indochino, focando que “customização é mais do que uma tendência, será um novo padrão”. Pregaram imaginando um mundo virtualmente sem estoques, será?

O Brasil estava (bem) representado por Boticário e Hering, em palestras diferentes sobre o mesmo tema: globalização. Artur Grynbaum, CEO do Boticário, falou dos desafios para entrar em novos mercados, além de como se aproximar da cultura local para facilitar a aderência da marca. Alessandra Morrison, diretora de RH da Hering, valorizou o contraponto: ser fiel aos seus valores e a sua identidade em todos os lugares do mundo.

Um dos pontos mais altos, sem dúvidas, foi o espaço dedicado para as novidades – o “innovation lab” de varejo. Muitas soluções com tecnologia avançada, que já superaram o protótipo como robôs (um para fazer atendimento, outro para sortimento); óculos de segurança com câmera que libera as mãos do colaborador de um celular ou equivalente; uma impressora que imprimi em qualquer superfície, inclusive não plana; e tecnologia 3D para encontrar o sapato mais confortável para os pés (onde descobri que tenho um maior que o outro, aparentemente todos nós temos) ganharam atenção. Mas, o que mais despertou curiosidade, foi a vitrine interativa. Imagine algo que você possa interagir, mudar, consultar e, inclusive, comprar sem mesmo entrar na loja. É trazer a realidade do e-commerce para a loja física e em grande estilo, eliminando de vez as fronteiras entre o físico e o digital.

O balanço é que o primeiro dia da maior feira de varejo do mundo não decepcionou. Pela primeira vez, teve pessoas como tema central, muito negligenciado nas edições passadas. O Brasil esteve muito bem representado no contexto de posicionamento de marca em um mundo global. E a experiência do consumidor foi explorado por muitas perspectivas, passando pelo atendimento em loja, layout, customização e muita tecnologia. Vamos em frente, monitorando novidades (…)

Fonte: IBEVAR | José Securato Presidente do IBEVAR