O ocorrido com a Americanas faz com que outros grandes varejistas questionem seus processos atuais, visto que a auditoria paga a uma das “Big 5” não conseguiu detectar o problema.
Prestes a completar 1 mês desde que todas as atenções se voltaram para a grande varejista Americanas, a pergunta que todos se fazem é: o que mudou no varejo diante deste cenário de rombo contábil de uma grande empresa?
Após o descobrimento do rombo que a Americanas sofreu, de uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em balanços corporativos, o mercado varejista iniciou uma análise de quais situações podem ter levado a Americanas a chegar nessa situação de recuperação judicial, e como as empresas podem se proteger e se prevenir internamente desse tipo de risco.
COMO O VAREJO ESTÁ SE COMPORTANDO
Segundo o Prof. Ivan Rizzo, Graduado (FGV) e Mestre (ESPM) em Administração de Empresas, doutorando em comportamento do consumidor pela EACH-USP, ainda é cedo para mensurar quais os impactos o varejo pode ter sofrido com essa notícia da Americanas.
“Cedo para saber. Hoje o cenário é a empresa (Americanas) ter estoque que será consumido em até 6 meses, sem reposição por fornecedores que não receberem a vista. Se esses fornecedores da Americanas não conseguirem desenvolver outros canais de distribuição/vendas, é provável que sofram tanto ou mais até que as Americanas. Um fornecedor de snacks via ali 1/3 das suas vendas, para um fabricante de eletrodomésticos era 40% das suas vendas. Uma empresa de chocolates já reduziu suas vendas para 30%, na época em que as empresas começam a se abastecer para a Páscoa. ”
Por outro lado, já é possível notar uma mudança no comportamento de alguns varejistas. “As empresas estão receosas em fazer qualquer negócio com as empresas do grupo que não envolva pagamento a vista. Essa decisão obviamente impacta em aspectos promocionais – minha empresa deve impulsionar meu produto pelo canal da Americanas ou por outros? Como ficam possíveis serviços de pós-venda em caso de descontinuidade? Ainda está tudo em aberto. Até o momento não há notícias que os problemas de gestão da empresa tenham reverberado no consumidor, mas isso tende a mudar muito em breve. ” Completa Ivan.
MUDANÇA NOS PROCESSOS?
O acontecido com a Americanas assustou todo o setor do Varejo e veremos um movimento interno nas empresas. O Prof. Ivan Rizzo destaca o que é possível que aconteça: “Ao mesmo tempo em que a gente verá aumento por questões ligadas a governança, aquisição de selos de qualidade, acreditações que garantam atenção a determinados processos e serviços, veremos também o questionamento a processos atuais”. E finaliza “Acredito que esses processos serão mais incisivos em função de arcabouços de punições e penalidades previstos aos acionistas e gestores. Se os órgãos regulares quiserem fazer do caso um exemplo, a gente vai viver uma nova fase de governança. Caso contrário, será um belo case de controle de danos. ”
Fonte: Redação IBEVAR