Este trabalho tem como objetivo apresentar a percepção, o interesse e a disposição de consumo dos consumidores a partir de dados comportamentais na internet.

A pesquisa buscou inferir se a tendência/disposição de será maior ou menor em comparação aos anos anteriores. Buscou-se também apresentar a dependência que os principais fornecedores do período de Páscoa, a saber, os produtores de chocolate têm do período. Em relação a estes, a mudança de interesse do consumidor nos últimos quatro anos. Por fim, seguindo a tradição de trabalhos sobre risco/confiança do consumidor em relação às empresas, apresentamos um índice de confiabilidade das empresas relacionadas a produtos de Páscoa.

Apresentaremos a seguir os principais conclusões do estudo (1. Conclusões). A partir daí, apresentamos a seção de definição do estudo (2), Observações Gerais (3), Alguns prognósticos (4) e um comentário sobre as marcas (5). Os gráficos estão todos dispostos ao final do relatório de modo que o texto os referencia por seus números.

Principais Conclusões

  • A disposição de compra para a Páscoa teve seu ponto máximo no ano de 2019 desde 2015 (gráfico 1).
  • Esse movimento foi perfeitamente acompanhado pela intenção de consumo de chocolates (gráfico 2).
  • Esse movimento de alta está relacionado ao interesse e disposição de consumo na economia de modo geral. O gráfico 3 aponta para esse fato no caso dos eletrodomésticos como uma proxy do consumo do varejo. No caso, os picos dos eletrodomésticos ocorrem durante a Black Friday.
  • A ligeira recuperação econômica especialmente no último ano pode ser captada na percepção dos consumidores com a diminuição de risco econômico, tais como o desemprego estrutural e a crise financeira (gráfico 4).
  • De acordo com os dados de Fevereiro de 2020, e a primeira semana de março de 2020, a tendência de crescimento de era positiva, sendo possivelmente igual ou ligeiramente superior ao ano de 2019 (o crescimento de disposição em fevereiro tenha sido ligeiramente superior aos demais anos, até 55% comparada com 2017). Contudo, dado as ações realizadas para contenção do novo Corona vírus (COVID-19), é certo que os efeitos econômicos serão negativos para o varejo, sendo ainda incerto estimar o quanto.
  • Em relação às marcas, é interessante notar que houve concomitantemente diminuição do interesse de fabricantes conhecidos como Lacta e Nestlé, e aumento de fabricantes e varejistas, como é o caso da Kopenhagem e da Cacau Show (Gráfico 6).
  • O Gráfico 7 aponta que o consumir confia nos produtos, mas pode apresentar alguns problemas com as empresas que realizam a venda dos produtos de Páscoa, especialmente os canais online.

Definição

O índice de Páscoa reflete a composição de interesse e busca dos usuários da internet em relação aos produtos sazonais do período da Páscoa. Dentre os produtos, o mais significativos são os Ovos de Páscoa.

 

Observações Gerais

Apesar de esta ser a primeira vez que o índice foi construído, as diferentes fontes de dados integrados apresentaram alta concordância, apontando para o comportamento convergente do consumidor em relações aos produtos de Páscoa. Isso permite que a comparação entre o comportamento do consumidor, ao menos no que se refere ao interesse, ao longo dos últimos quatro anos se torna mais confiável.

A observação do gráfico de referência aponta para o aumento do interesse do consumidor em relação a tais produtos a partir de 2017, quando houve queda ligeira comparada (3.62%) em comparação ao ano anterior, 2016.

O crescimento em 2019 em comparação ao ano anterior foi substantivo quando os picos são comparados (42%). Para corrigir algumas distorções causadas pela diferença das datas de um ano ao outro, que explica parcialmente o pico de 2019, adotamos uma média móvel de 3 meses. Ainda neste caso, nota-se o resultado substantivamente positivo do ano de 2019 em comparação aos demais.

Em relação ao interesse por chocolates, de modo geral, vemos que durante a Páscoa os picos convergem. Para a categoria de “chocolates” em geral, a Páscoa é a principal data seja para a compra de produtos sazonais, como é o caso do Ovo de Páscoa, Coelhos de Chocolate, e afins, seja para a compra de chocolates em barra, bombons, e outros produtos da categoria. O Gráfico 3 ilustra que os interesses de consumo relativos à Páscoa não são estendidos a outras

categorias do varejo, como exemplo os eletrodomésticos. No caso dos eletrodomésticos, vemos os principais picos ocorrerem na Black Friday.

Em relação a percepções macroeconômicas (gráfico 4) que podem representar otimismo e pessimismo, consequente e respectivamente estímulo ao consumo e desestímulo ao consumo, nota-se apenas que percepções pessimistas como a desemprego estrutural e crise financeira são maiores quando o interesse sobre a classe de produtos sazonais de Páscoa era menor. Isso é interessante ser notado pois os indicadores aqui referem a interesse e não a consumo propriamente dito. Deste modo, não há em tese nenhum impeditivo para que o interesse se mantenha constante sem que haja consumo efetivo. Contudo, vemos que o interesse pode ser afetado por outras percepções mais abrangentes e concorrentes.

Prognósticos

Dado o comportamento perfeitamente sazonal dos consumidores em relação aos produtos de Páscoa, a previsão do nível de interesse ainda é precoce. No entanto, comparando os meses de Fevereiro de 2020 e Fevereiro de 2017, quando a Páscoa também foi celebrada em meados de Abril, houve o aumento de 16%. Os resultados prévios da primeira semana de Março (não incluídos no gráfico) apontam para um aumento de cerca de 55% no volume de interesse do público em 2020 comparado com 2017. Deste modo, é possível esperar que os níveis de interesse estejam próximos aos níveis apresentados em 2019. É possível extrapolar a tendência positiva do Índice de Páscoa do ano de 2020 para o consumo crescente de chocolates no período. É importante enfatizar que tal prognóstico exclui os efeitos de externalidades como as recentemente presenciadas com a Pandemia do Coronavirus.

Marcas

O Gráfico 5 aponta para a convergência dos picos de interesse em marcas produtoras de chocolate em geral e a procura por Ovos de Páscoa. Embora o período da Páscoa nem sempre represente o maior pico de algumas marcas, por exemplo, Ferrero ou Arcor, o período é sem dúvida o mais relevante para as empresas do setor. Além disso, nota-se maior sincronização no pico de 2019. Alguns fatores podem explicar tal comportamento, por exemplo, o hábito mais desenvolvido de comparação de preços e empresas pela internet. A obervação da cartela de produtos dessas empresas em seus websites e outras plataformas de venda online.

No Gráfico 6, podemos acompanhar a variação das marcas na participação do interesse do consumidor no período da Páscoa (considerado aqui entre Fevereiro a Abril). O anel mais ao centro representa o período da Páscoa de 2016. Os anéis externos acompanham os anos subsequentes. Podemos notar a diminuição do papel da Nestlé e Lacta, de modo contínuo, assim como o crescimento de Cacau Show e Kopenhagen. O último gráfico apresenta as empresas com maior pontuação em um índice de confiança do consumidor relativo às duas últimas Páscoas.

      

 

Intenção de compra e percepção do consumidor no Período de Páscoa, 2020.
Realização IBEVAR – PROVAR/FIA.
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