Foi após viver quase dois anos na China que o brasileiro Gabriel Reginatto decidiu que gostaria de empreender. Com experiência no mercado financeiro, o jovem foi convidado para trabalhar em Xangai. Lá, deparou-se com fenômenos que mudaram totalmente a sua percepção do mercado, principalmente em relação ao e-commerce e às live commerces.

Ainda no país, viu que havia muitas oportunidades na área. Assim, decidiu sair da empresa onde atuava para entrar em um negócio voltado às vendas digitais. Quando a pandemia ainda não tinha chegado ao Brasil, resolveu voltar à terra natal com a família para empreender com amigos de longa data. Assim, tirou do papel a Alive, uma startup que desenvolve plataformas white-label de live commerces. Em 2020, conseguiu um aporte de quase US$ 1 milhão de fundos como Maya Capital e Globo Ventures, e ainda fechou um trabalho com a Casas Bahia, do grupo Via. Neste ano, quer fazer uma nova captação e expandir a base de clientes.

Reginatto conta que a passagem pela China foi uma viagem para o futuro. “Quando você olha o e-commerce chinês, acha o dos Estados Unidos totalmente atrasado. Imagine o do Brasil, então”, diz. O que mais o impressionou por lá foram as live commerces, que são eventos de venda transmitidos ao vivo, realizados por marcas em parcerias com influenciadores e criadores de conteúdo.

No Brasil, é possível encontrar formatos do tipo, principalmente durante a Black Friday. No ano passado, marcas como Magalu e Lojas Americanas foram responsáveis por organizar grandes eventos, reunindo alguns dos principais influenciadores do país em suas live commerces.

Apesar da proposta estar presente, Reginatto entende que há uma diferença entre o modelo chinês e os eventos brasileiros. Na sua visão, as live commerces representam um novo capítulo dentro do segmento. O formato deve ser capaz de formar comunidades entre marcas e clientes. “Você não deve fazer apenas uma live no ano. Tem que acontecer todo dia, toda semana, tem que mostrar a cara do seu negócio para o cliente”, diz.

Foi com essa proposta que tirou a Alive do papel. A startup oferece uma plataforma que permite às marcas realizar lives com pouco investimento e infraestrutura. Basta que a empresa baixe um app para iniciar a transmissão. Depois, os clientes podem acessar automaticamente as promoções, finalizando-as direto no site ou até mesmo via WhatsApp.

Foi assim que a Alive rodou o piloto com a Casas Bahia em junho deste ano. A empresa não revela os resultados, mas conta que ficaram acima do esperado, principalmente por rodar em vias de teste. “O número foi acima das expectativas internas, principalmente porque teve pouca divulgação. O time da Via vê potencial para expansão do projeto”, diz Reginatto.

Pelo modelo de negócio, a Alive não cobra pela execução da live e nem pela infraestrutura da operação. A receita vem de um percentual cobrado sobre as vendas. O empreendedor já realizou lives em formato de teste para outras empresas, além da Via. A expectativa é de que mais eventos aconteçam ainda neste semestre. “Estamos falando com diversas marcas para aumentar a produção”, diz.

A startup espera anunciar uma nova rodada de investimentos ainda neste ano. Os recursos serão usados para aprimorar a tecnologia e aumentar o time. “Estamos muito animados. Do ponto de vista prático, esse é um nicho que está apenas começando. Acredito que, em 2022, as plataformas estarão mais maduras e o modelo também”, afirma Reginatto.

Fonte: Empresas & Negócios