A sustentabilidade está na moda? Para responder a esta pergunta é possível recorrer ao BoF Sustainability Index 2022. Sob a responsabilidade da Business of Fashion, uma das mais respeitadas revistas de negócios da indústria da moda, o relatório apresenta dados e conjecturas sobre o desempenho em sustentabilidade de trinta  organizações de capital aberto do setor.

Ainda que o próprio documento faça referência à utilização dos resultados como não sendo possível assumir os números indicados como fidedignos à realidade, é notável o alinhamento das conclusões com críticas que o setor vem recebendo ao longo dos anos.

A estrutura do Index apoia-se em seis diferentes categorias, quais sejam, transparência, emissões, água e químicos, resíduos, materiais e direitos trabalhistas.

A pontuação aferida em cada uma das subdivisões define a colocação relativa de cada empresa. Entre as organizações incluídas na análise estão empresas como Puma, Kering, Levi Strauss, H&M group, Burberry, Nike, Inditex, Adidas, Gap e Ralph Lauren. A média geral das organizações participantes é de 28 de um total de 100 pontos possíveis. A campeã da edição é a Puma, com um escore de 49 pontos, também sobre 100.

Desenvolvimento sustentável da ONU

Debruçar-se sobre as informações ora apontadas e outras tantas divulgadas no material é instigante e fonte de inúmeras reflexões.

Como resultado de tais  análises, levando-se em conta os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030, as ODSs, é possível concluir que há, ainda, muito por fazer para se conquistar as metas propostas pela organização internacional.

Considerando a representatividade do varejo na cadeia produtiva da moda, é relevante a sua contribuição para o processo de majoração dos níveis de sustentabilidade do setor. Sugerem-se alguns caminhos.

O primeiro deles faz referência aos imóveis utilizados para a operação varejista, como lojas e centros de distribuição. Estes podem ser projetados, construídos e operados de forma sustentável.

Nesse caso, devem-se priorizar ações relacionadas à eficiência energética e hídrica, à especificação de materiais, ao cuidado com a qualidade do ar, ao aproveitamento de luz natural, à atenção com o bem-estar e à saúde dos usuários, dentre outras de igual importância.

A questão da logística

O segundo caminho aborda a questão da logística. Nesse caso, o tratamento adequado dos dados, a utilização de combustíveis alternativos e a internet das coisas (IoT) estão entre os recursos que contribuem com a eficiência dos processos e, consequentemente, com a redução de custos e emissões.

Uma terceira oportunidade consiste em privilegiar a aquisição de produtos com atributos mais sustentáveis.

Se o desafio parece ser grande, vale lembrar que há a possibilidade de incorporação gradativa dos critérios de sustentabilidade, viabilizando assim, também, um crescimento sustentável.

Texto escrito Por David Douek

David Douek é mestre e doutorando em administração pela FEA USP, arquiteto e urbanista pela FAU USP e administrador de empresas pelo Mackenzie. Fundou e dirige a OTEC, empresa de consultoria que atua no setor de real estate. Possui especializações em Green Buildings (Colorado State University), Investimentos Imobiliários (FGV), e Operações de Mercado Financeiro (FIA). Atua, também, como conselheiro do capítulo brasileiro da IBPSA.

Fonte: IBEVAR